Judoca carioca se refaz de desclassificação nos Jogos Olímpicos de Londres e inicia no Mundial por equipes o projeto para 2016 em outra categoria
Por Lydia Gismondi Direto de Salvador
No braço direito de Rafaela Silva estão gravados os aros olímpicos e a frase: “Só Deus sabe o quanto eu sofri e o que eu fiz pra chegar até aqui”. A marca na pele é o que sobrou de sua primeira experiência nos Jogos Olímpicos. A eliminação precoce após ser desclassificada de uma luta e, para completar, ter virado alvo de ataques racistas são lembranças ruins que a judoca preferiu deixar em Londres. Três meses depois, a carioca se diz pronta para começar a escrever uma nova página. No Mundial por equipes, neste fim de semana, em Salvador, inicia a busca pelo sonho de 2016 em uma nova categoria (até 63kg).
– Eu vi que não ia conseguir voltar atrás. Vi que precisava levantar a cabeça e seguir a vida para buscar a vaga para 2016 – disse Rafaela, que teve o apoio da irmã judoca Raquel para esquecer as decepções.
A história de Rafaela nos Jogos de Londres poderia ser bem diferente não fosse um golpe ilegal nas oitavas de final. A brasileira vice-campeã mundial do peso até 57kg foi punida por dar uma catada de perna na húngara Hedvig Karakas. O golpe chegou a ser pontuado como wazari, mas após revisão em vídeo, a pontuação foi retirada.
A tatuagem feita depois dos Jogos
(Foto: Raphael Andriolo / Globoesporte.com)
Rafaela ficou inconformada com sua eliminação. Relutou e chorou muito. O sofrimento ficou ainda pior quando, em seguida, foi alvo de pesadas críticas nas redes sociais. Foi acusada de fazer “jogo sujo”, “não ter espírito olímpico” e chegou até a receber ofensas racistas.
Capítulos de uma história recente, mas que a atleta nascida e criada na comunidade Cidade de Deus prefere deixar no passado. Nos treinos da seleção brasileira, o jeito brincalhão da carioca voltou a chamar a atenção. Com o sorriso no rosto, Rafaela agora curte o lado bom da mudança de categoria.
– Foi boa essa mudança. Posso comer e fazer o meu treino à vontade. Não preciso ficar treinando com a preocupação de dar o peso. Agora, treino quando eu quero e posso fazer uma alimentação boa. Antes, comia muito mais salada.
Rafaela é um dos destaques da equipe feminina no Mundial por equipes. Neste sábado, a partir das 9h, as brasileiras lutam por um inédito lugar no pódio. No domingo, será a vez dos homens entrarem no tatame.
– A competição está bem forte. Tem várias atletas que participaram das Olimpíadas. Vai ser um aprendizado para mim por ser a primeira competição grande nesta categoria. É bom para encarar as meninas fortes desse peso.
Fonte: Sportv
judo rafaela silva 
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