Arquivo | julho, 2012

Judoca Rafaela Silva é uma heroína – texto do Guga

31 jul

Não da pra não compartilhar… Obrigada pelas palavras Guga!

Rafaela Silva foi prata no Mundial de Paris, ano passado – Divulgação

Ontem fiquei tão abismado com o ocorrido com a Rafaela que resolvi compartilhar com vocês!

Bala perdida, tiroteio na esquina, NÃO, o que viveu Rafaela ontem foi bem diferente e ao mesmo tempo tão parecido com suas duras lembranças infantis.

Assemelha-se por se tratar de um acontecimento triste, polêmico (desde a decisão que sucumbiu na desclassificação da judoca brasileira, aos fatos que sucederam após a luta), e que todos torcemos pra que nunca se repita.

O FATO: Nesta segunda-feira, a judoca brasileira Rafaela Silva, de 20 anos, foi desclassificada nas Olimpíadas de Londres, ao desferir um golpe ilegal na luta contra a húngara Hedvig Karakas. A atleta carioca, de origem humilde, foi às lágrimas ainda no tatame.

Após a desclassificação, xingada por algumas pessoas no Twitter, Rafaela respondeu com palavrões. Logo, reconheceu que se excedeu no microblog e pediu desculpas.

Ok, aparentemente, uma história delicada que remete a interpretações e análises seguidas de uma conclusão referente a condutas, regras e responsabilidade.

Como sou fascinado por esses assuntos, resolvi expor a minha opinião. Inicio pelo fim, Rafaela Silva é uma HEROÍNA.

Rafaela é dona de uma trajetória, seguramente, mais longa que a de Hércules: percorreu a maratona vindo da Cidade de Deus, local onde nasceu em 1992, e alcançou uma vaga nas Olimpíadas em Londres 2012.

Essa mesma menina brasileira cometeu um equívoco natural, no principal momento de sua carreira, em  que todos a observavam. E  ela deslizou mais uma vez quando não se conteve ao deparar com criticas abusivas após sua luta, de olhos que, supostamente, minutos antes, torciam pela atleta.

Enxergo simples assim: o primeiro o erro, de uma atleta como qualquer outra, técnico, estratégico, mental, tanto faz, todos cometem. O segundo, de uma pessoa como qualquer outra, de cabeça quente, com raiva, desabafo, tanto faz, todos cometem.

Sendo assim, é preciso recordar que atletas, como sabemos, também são seres humanos e sujeitos aos mesmos tropeços. Considero, obviamente, que a conduta agressiva do desabafo, o único erro contestável, é totalmente equivocado, sendo ela exercida por uma pessoa pública, um atleta, ou qualquer cidadão comum, isso é evidente. E requer as devidas orientações.

O que não concordo é o que vem além disso: EXIGIR que uma menina com a história de vida, recheada de carências sociais geradas pela ineficiência de políticas públicas do nosso Pais, tenha a mesma responsabilidade e conduta que os americanos de Harvard ou os ingleses de Oxford, é pura demagogia. Talvez seja interessante fazer uma comparação com o exemplo inquestionável de procedimento como atleta e ser humano, do meu amigo pessoal e ídolo irretocável, Roger Federer. Em quais colégios estudaram? De que forma foram criados? Quais as experiências de vida dos dois? Quais oportunidades que tiveram? O que seus países proporcionaram a eles?

Concluo que é severamente injusto  comparar quaisquer ações da nossa garota Silva, que, como  milhares no Brasil, é um exemplo claro de superação da vida, competindo com atletas olímpicos formados em países desenvolvidos que usufruem das melhores condições humanitárias. Sentar pra assistir de camarote e criticar a postura da Rafaela, sem conhecer sua trajetória, é uma covardia.

A luta da Rafaela que devemos olhar é outra, a da batalha, do empenho atrás de um sonho, que encaixou como um kimono em sua vida, através de outros 2 homens exemplares, realizadores de um projeto social do Judô: Flavio Canto e o treinador Geraldo Bernardes.

Ela apoiou-se neles e nos poucos pilares que existiam, família e amigos, sem contar com a ajuda de seu País e muitas vezes renegada por este, e foi à luta, venceu, conquistou, brilhou.

Ninguém tira os verdadeiros méritos olímpicos da Rafaela, que tomou pelo menos mais de MIL decisões certas, esquivou-se dos principais golpes da vida e não deve ser julgada por uma escolha infeliz e impulsiva.
Imagino que tal experiência traz diversos ensinamentos. O primeiro é o aprendizado vivido pela atleta que vai contribuir paro desenvolvimento de sua carreira.

Percebo outros  que servem para todos nós: compreensão, solidariedade e respeito, mesmo após equívocos alheios.
E a principal lição é para o nosso País, que precisa urgentemente melhorar as condições básicas de educação, saúde, segurança, e gerar oportunidades decentes ao nosso Povo. Enquanto isso, só temos que agradecer e reverenciar todo e qualquer atleta ou cidadão que tenha a mesma persistência da garota dourada, de sobreviver.
Seguindo os critérios de Coubertin, nossa judoca é OURO, PRATA e BRONZE. Procura melhorar a cada dia na busca eterna de tornar-se uma CAMPEÁ da VIDA.

Fonte: Blog do Guga

Mensagens de apoio

31 jul

Depois de tanta turbulência é ótimo ler mensagens de apoio como estas:

“A Rafaela Silva ontem foi uma fatalidade. É uma menina jovem, esforçada, que já foi medalha em um campeonato mundial. As pessoas criticaram e julgaram de uma forma como se ela tivesse obrigação. Ela não tem obrigação de nada, ela faz judô porque ela ama, porque ela gosta, porque ela é boa e isso serve para todo mundo. E se tratando do nosso País, que não é uma potência esportiva e tem alguns expoentes que são, para se tornar uma potência é papel nosso trabalhar mais e é papel de vocês perceberem como o público vai ser abordado. Toda carreira tem altos e baixos.”

Joanna Maranhão
(Terra)

“Sei como você se sente! Agora é ficar ao lado dos que te amam de verdade e treinar muito para realizar seu sonho no Rio 2016” Neymar

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“Síntese sobre a Rafaela Silva: Por td q jà fez = HEROÍNA! Estar na olimpíada é 1 gde conquista, Errar è humano e o esportista tbm!” @gugakuerten

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“Criticas a Rafaela Silva mostra que Brasil não respeita seus atletas, o torcedor brasileiro detesta futebol e esporte” @sampaiojovempan

“Não canso de me surpreender com a estupidez que a web traz à tona “@neozeitgeist Judoca vítima de racismo no Twitter http://migre.me/a6I79@raqcozer

“Aldo Rebelo pede ação da PF sobre o racismo contra Rafaela Silva no twitter porque “além de representar seu país recebe bolsa-atleta”. uai” @lbertozzi

“RT @brunobonsanti: Chamar Rafaela Silva de “desonesta” e acusá-la de “emporcalhar o nome do país” é ser muito idiota.” @felipelobo

Treinador de Rafaela Silva foi a Londres após ‘vaquinha’ de ex-alunos

30 jul

Geraldo Bernardes, do Instituto Reação, pede à judoca, desclassificada em Londres, para não esquecer o exemplo que ela é para sua comunidade

Por Gabriele Lomba Direto de Londres

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Geraldo Bernardes, professor de Rafaela Silva no Instituto Reação (Foto: Gabriele Lomba/Globoesporte.com)

– Falei para ela não esquecer do exemplo de vida que ela é. Uma pessoa que está se transformando cada vez mais. A superação é grande dentro da comunidade dela. É uma maneira de ela ganhar mais força – disse.

No último treino no Rio de Janeiro, Flávio Canto reuniu alunos e ex-alunos no núcleo Cidade de Deus do Instituto Reação. Eles entregaram a Geraldo a passagem aérea e uma carta com agradecimentos. Em Londres, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) deu ingressos ao treinador.

Geraldo está em sua quinta edição de Olimpíadas. Era técnico da seleção no primeiro ouro do judô brasileiro, em 1992, com Aurélio Miguel. A mais importante conquista, porém, viu pela televisão: quando Canto levou o bronze em Atenas 2004.

Filha de um entregador de pizza e de uma dona de casa, Rafaela e sua irmã Raquel seguiram o caminho do esporte através do projeto social de Bernardes, hoje um dos pólos do Instituto Reação – idealizado por Canto. Rafaela foi a primeira aluna a disputar as Olimpíadas.

Antes mesmo de a luta contra a húngara Hedvig Karakas começar, Geraldo contava que Londres era um “bônus” para Rafaela.

– Ela estava muito bem na luta, estávamos vendo que ela tinha todas as condições de ganhar a luta. A menina se sentia até dominada. É lamentável. Mas as Olimpíadas delas não seriam essas. Nosso planejamento era 2016.

FONTE: Globoesporte.com

Obrigada Brasil!

30 jul

Obrigada a todos que me apoiaram e torceram por mim. Participar de uma Olímpiada é uma experiência fantástica e tem um peso muito grande na carreira de um atleta. Vim para Londres com chances de medalha, mas agora é pensar em 2016 e treinar ainda mais. Estou muito triste porque treinei de olho na medalha. Assumo meu erro e agora é foco no Rio de Janeiro.

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Repercussão internacional

27 jul

Assim como nós nos preocupamos com nossos adversários os outros também se preocupam conosco. Hoje saíram duas notícias na imprensa internacional cotando o meu nome como uma das principais rivais da categoria -57kg (confiram a baixo). Não esqueçam que segunda-feira tem a minha primeira luta, vai ser às 05:50 da manhã! Preparem os despertadores!

Lunedì 30 luglio – 57 kg. Nuovamente favorita una giapponese, anche se per Kaori Matsumoto non sarà semplice: la portoghese Telma Monteiro e la brasiliana Rafaela Silva possono insidiarla. E attenzione alla nostra Giulia Quintavalle, che per chi non lo sapesse è la campionessa olimpica in carica. Non sarà facile ripetere l’oro di Pechino, ma sperare in un’altra medaglia non è azzardato.

Fonte

Ich freue mich unheimlich auf diesen Wettkampf und auf das ganze Drumherum bei Olympia“, sagt die selbstbewusste junge Frau. Allenfalls vergleichbar war wohl die Teilnahme an der Universiade in Thailand 2007 – doch die größte Sportveranstaltung der Welt ist nun noch mal eine ganz andere Liga. Und dort wartet am Montag gleich ein ganz schwerer Brocken auf Miryam Roper: In der ersten Runde – so wollte es das Los – geht’s gegen die brasilianische Vize-Weltmeisterin Rafaela Silva (20). Doch bange machen gilt nicht – wenn Roper einen guten Tag erwischt, kann sie mit ihrer ungeheuren Physis auch die Südamerikanerin knacken

Fonte

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Vídeo

Primeiros adversários definidos!

26 jul

Foram definidas as lutas pessoal! O Brasil levou sorte de não enfrentar nenhum dos favoritos na primeira fase das Olímpiadas e conquistou dez cabeças de chave. Minha primeira luta será contra a alemã Miryam Roper. Eu já lutei contra ela no Mundial de Paris e venci (confiram no vídeo). A luta vai ser na segunda-feira (30) e vai acontecer entre 09:30 e 12:30. Não percam!

100 atletas para ver em Londres

25 jul

Eles são as estrelas maiores de um evento planetário, protagonizado por 10,5 mil atletas de quase 200 países, que terá uma audiência televisiva global estimada em cinco bilhões de pessoas. Nas páginas a seguir, você encontrará o perfil de 100 grandes atletas olímpicos – brasileiros ou não –, seu histórico de conquistas e as chances de vitória de cada um. Fazem parte da lista gênios como Usain Bolt, o homem mais rápido de todos os tempos, e Michael Phelps, que pode se tornar em Londres o recordista de medalhas olímpicas. Mas não estão presentes apenas os supercampeões. Você conhecerá a saga de um judoca da Palestina, a trajetória de um cavaleiro japonês que, aos 71 anos, é o atleta mais velho dos Jogos, e a irlandesa que divide sua vocação entre os ringues de boxe e os gramados de futebol.

Esta edição especial também preparou uma surpresa: produzimos um ensaio fotográfico exclusivo com os brasileiros que têm mais chances de conquistar medalha. O trabalho é inovador. Pela primeira vez, os atletas foram retratados como praticantes de esportes diferentes daqueles que os consagraram. A ideia foi transmitir o sentido coletivo da Olimpíada: é como se todos fossem um só. Mais do que lutar por uma conquista individual, eles vão às piscinas, aos tatames, às pistas de corrida e aos ginásios defender uma nação. Fotografamos Cesar Cielo, campeão olímpico da natação, como um judoca. Esportista mais vitorioso da história olímpica do Brasil, o velejador Robert Scheidt vestiu roupas de boxe. A saltadora Maurren Maggi se transformou em uma ciclista. Que esse espírito contamine a delegação brasileira e que os atletas voltem de Londres carregados de medalhas.

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Judô
Rafaela Silva
(Brasil)
Briga nos tatames

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A carioca Rafaela Lopes Silva conheceu o judô na infância. De tanto aprontar nas ruas da Cidade de Deus, foi levada ao treinador Geraldo Bernardes, do Instituto Reação, projeto social idealizado pelo ex-judoca Flávio Canto. Com apenas 20 anos, ela provou, nos tatames, ser mesmo boa de briga. Atual vice-campeã mundial, já havia faturado o Mundial Júnior em 2008 e desbancado Ketleyn Quadros (primeira brasileira a subir no pódio em uma Olimpíada) na disputa por uma vaga ao Pan de Guadalajara. Rafaela é uma das favoritas na categoria até 57kg.
Quando ver: 30 de julho: a partir das 5h30

Fonte: ISTOÉ

Antidoping

24 jul

Olá pessoal!

O dia da estreia se aproxima e já fui uma das escolhidas para fazer o exame antidoping. Foi ontem depois do treino da manhã, fomos avisados pelo coordenador da Seleção, Ney Wilson. Não tem problema nenhum fazer o exame, até porque estamos acostumados, é complicado faze-lo depois de um treinamento pesado em que suamos bastante, mas faz parte da vida de atleta.  

O órgão que determina as circunstâncias, substâncias e métodos proibidos é a Wada, por intermédio do Código da Agência Mundial antidoping (AMA). O AMA estabelece que doping seja fazer uso de substâncias ou métodos capazes de aumentar o desempenho de um atleta.

Um atleta flagrado pelo exame antidoping tem o direito de tentar se explicar, mas, se for comprovado o doping, ele é punido conforme a substância utilizada. A penalidade mais comum é a suspensão, que pode variar de três meses a dois anos. Em caso de reincidência, o competidor pode até ser excluído por toda a vida. No caso de esportes coletivos, a pena varia, pois depende da federação internacional responsável. No vôlei, por exemplo, se um atleta é flagrado, a equipe toda é desclassificada. No futebol apenas o jogador dopado é punido.

 

Fonte: Educacional

Terra de gigantes

23 jul

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Cerca de 20% da delegação brasileira é formada por atletas cariocas ou que treinam diariamente na cidade. Alguns deles vão a Londres com possibilidades concretas de alcançar a glória olímpica

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Por que vale a pena: “Quem trabalha com o judô desde muito cedo sabia que a Rafaela viria a ser uma atleta de sucesso. Ela teve de ser lapidada, porque precisava entender que a luta não é só força. Destaco seu poder de concentração, a habilidade para se adaptar ao jogo da oponente e sua força. Credenciais para se tornar uma campeã olímpica não lhe faltam. Rafaela ganhou medalha no Mundial e já derrotou quatro das cinco principais adversárias em Londres. O ouro está próximo.” Flávio Canto, judoca medalha de bronze na Olimpíada de Atenas, em 2004

A menina dura na queda
Nascida na Cidade de Deus, a judoca Rafaela Silva é um talento precoce que tem tudo para brilhar logo em sua primeira Olimpíada

Caçula e a única carioca entre os catorze atletas da equipe brasileira de judô, Rafaela Silva, de 20 anos, desembarca em Londres cercada de expectativas. Para obter a vaga na categoria leve (até 57 quilos), ela desbancou a renomada Ketleyn Quadros, que em 2008 conquistou o bronze em Pequim e se tornou a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica em esportes individuais. Campeã mundial sub-20 e detentora de quatro títulos brasileiros nas categorias juvenil e júnior, Rafaela ficou em segundo lugar no Mundial adulto do ano passado, em Paris, competindo com adversárias bem mais experientes. Sua esperança de pódio reside no fato de já haver vencido algumas das lutadoras que chegam à Inglaterra com grande cartaz, caso da japonesa Kaori Matsumoto, da francesa Automne Pavia e da italiana Giulia Quintavalle, atual campeã, que foi derrotada pela brasileira nos três confrontos que tiveram. “Nunca estive tão bem preparada”, resume a jovem.

Nascida na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, ela sempre gostou de esportes. Nas ruas da favela, jogava bola, corria e soltava pipa. Vez ou outra se envolvia em brigas com garotos maiores e, para surpresa geral, invariavelmente saía em vantagem. Seu atrevimento chamou a atenção do técnico Geraldo Bernardes, que a convidou para treinar em sua escolinha, na própria localidade. A menina rueira decidiu levar a sério a atividade e passou a treinar no Instituto Reação, ONG do ex-judoca Flávio Canto, onde aprimorou seus golpes. Dona de um estilo agressivo no dojo, Rafaela atravessou a adolescência sem encontrar adversárias à altura no país. No videogame é a mesma coisa: jura que ninguém na delegação brasileira é páreo para ela. Tomara que na Olimpíada também seja assim.

Fonte: Veja Rio

Quase psicólogos, sparrings encaram TPM e apanham sorrindo em Londres

19 jul

Delegação brasileira conta com 31 atletas auxiliares nos Jogos da Inglaterra. Participação ‘por tabela’ pode servir de trampolim para as próximas edições

Por Helena Rebello e Lydia Gismondi Rio de Janeiro

 

Ninguém gosta de ser “saco de pancada”. Ou quase ninguém. A regra pode ganhar exceções quando o sonho olímpico entra em cena. Nos Jogos de Londres-2012, 31 sparrings viajam para ajudar nos treinamentos dos atletas classificados para representar o Brasil em judô, boxe, taekwondo e luta olímpica. Mesmo fora da briga por medalhas, viram anjos da guarda nos bastidores e prometem apanhar sorrindo. Sonham com os pódios dos colegas e, no futuro, com as próprias conquistas no maior evento esportivo do mundo.

Os sparrings foram selecionados pelas confederações nacionais das modalidades após conversas com as comissões técnicas e com os atletas que vão competir. Todos têm as despesas da viagem custeadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mas os ajudantes não poderão se hospedar na Vila Olímpica, destinada apenas aos inscritos nos Jogos. E terão acesso limitado nos locais de prova, como qualquer torcedor comum.

Delegação do judô cresce com os sparrings: são 18, ao todo (Foto: Cahê Mota/Globoesporte.com)

Dois dos 18 sparrings escalados para ajudar a seleção brasileira de judô em Londres têm uma missão diferente. Pela primeira vez, a comissão técnica optou em levar dois homens para treinarem com duas mulheres nas Olimpíadas. Mais fortes da equipe feminina, Mayra Aguiar, da categoria meio-pesado (-78kg), e Maria Suellen Altheman, da categoria pesado (+ 78kg), vão poder lutar de igual para igual com João Luiz Vargas Júnior e Danilo Gonçalves. A novidade está funcionando. E não só dentro dos tatames.

– A gente faz um papel de anjo da guarda. O tempo inteiro protegendo e preparando elas. Estamos fazendo tudo para que cheguem em Londres da melhor maneira possível. A Suelen virou uma filha para mim. É o tempo inteiro cuidando, motivando. É claro que rola muita brincadeira de amigo. Eles falam: “Vi você na televisão. Você estava apanhando de uma mulher? Que feio”. Mas faz parte. Estou muito feliz. Apanho sorrindo – disse Danilo, que garante já saber lidar até com a TPM de sua parceira.

Assim como Danilo, João cuida de cada detalhe da preparação de Mayra. Durante os treinos, o judoca de 23 anos se divide entre os golpes e as palavras de incentivo à amiga de longa data. Os dois são da mesma cidade (Porto Alegre), estudaram no mesmo colégio e suas famílias são amigas.

– É um serviço completo. Não é só cair e apanhar. Isso qualquer judoca com um pouco de experiência pode fazer. Nós somos amigos há muito tempo, então isso facilita. Acabo sendo como um psicólogo. Ela sabe expressar todos os sentimentos dela pra mim: dor, alegria, tristeza…

Participar dos Jogos Olímpicos era um sonho distante para João. Ele chegou a fazer parte da seleção de base do Brasil, mas desde 2005 estava distante do esporte de alto nível. O retorno aos tatames, no entanto, superou muito suas expectativas. Sugerido por Mayra e selecionado pela Confederação Brasileira de Judô, será um dos integrantes da equipe de Londres e promete fazer o possível e o impossível para levar a amiga ao lugar mais alto do pódio.

– Vou apanhar de mulher com muito orgulho e, se Deus quiser, toda essa surra que estou levando vai valer a pena. Ela vai sair campeã. Depois do choro, vem a alegria.

 

Fonte: Globoesporte.com